segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Exercícios - indivíduo, identidade e socialização Primeiro ano

Exercícios - Indivíduo, Identidade e Socialização


01- (UEM – Inverno 2008) Em termos sociológicos, assinale o que for correto sobre o conceito de classes sociais.

01) Sua utilização visa explicar as formas pelas quais as desigualdades se estruturam e se reproduzem nas sociedades.
02) De acordo com Karl Marx, as relações entre as classes sociais transformam-se ao longo da história conforme a dinâmica dos modos de produção.
04) As classes sociais, para Marx, definem-se, sobretudo, pelas relações de cooperação que se desenvolvem entre os diversos grupos envolvidos no sistema produtivo.
08) A formação de uma classe social, como os proletários, só se realiza na sua relação com a classe opositora, no caso do exemplo, a burguesia.
16) A afirmação “a história da humanidade é a história das lutas de classes” expressa a idéia de que as transformações sociais estão profundamente associadas às contradições existentes entre as classes.

2- (UEM – Verão 2008) Leia o texto a seguir:

“Desde o início a criança desenvolve uma interação não apenas com o próprio corpo e o ambiente físico, mas também com outros seres humanos. A biografia do indivíduo, desde o nascimento, é a história de suas relações com outras pessoas. Além disso, os componentes não sociais das experiências da criança estão entremeados e são modificados por outros componentes, ou seja, pela experiência social.” (BERGER, Peter L. e BERGER, Brigitte. “Socialização: como ser um membro da sociedade”. In FORACCHI, Marialice M. e MARTINS, José de Souza. Sociologia e Sociedade. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1977, p. 200).

Podemos concluir do texto que

01) os indivíduos, desde o nascimento, são influenciados pelos valores e pelos costumes que caracterizam sua sociedade.
02) a relação que a criança estabelece com o seu corpo não deveria ser do interesse das ciências biológicas, mas apenas da sociologia.
04) o fenômeno tratado pelo autor corresponde ao conceito de socialização, que designa o aprendizado, pelos indivíduos, das regras e dos valores sociais.
08) as experiências individuais, até mesmo aquelas que parecem mais relacionadas às nossas necessidades físicas, contêm dimensões sociais.
16) o desconforto físico que uma criança sente, como a fome, o frio e a dor, pode receber dos adultos distintas respostas de satisfação, dependendo da sociedade na qual eles estão inseridos.

3- (UEL- 2006) “Três grandes dimensões fundamentam o vínculo social. Primeiro, a complementaridade e a troca: a divisão do trabalho social cria diferenças com base na complementaridade, o que permite aumentar as trocas. Em segundo lugar, o sentimento de pertença à humanidade que nos leva a reforçar nossos vínculos com os outros seres humanos: força da linhagem, do vínculo sexual e familiar; afirmação de um destino comum da humanidade por grandes sistemas religiosos e metafísicos. Por fim, o fato de viver junto, de partilhar uma mesma cotidianeidade; a proximidade surge então como produtora do vínculo social e o camponês sedentário como o ser social por excelência.” (BOURDIN, Alain. A questão local. Rio de Janeiro: DP&A, 2001 p. 28.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar:

a) A divisão do trabalho social na sociedade contemporânea desagrega os vínculos sociais.
b) Os sistemas religiosos e metafísicos são fatores de isolamento social, por resultarem de criações subjetivas dos indivíduos.
c) O cotidiano das pequenas cidades e do mundo campesino favorece a criação de vínculos sociais.
d) Pela ausência da cotidianeidade, as grandes metrópoles deixaram de ser lugares de complementaridade e de trocas.
e) O forte sentimento de pertencer à humanidade desmantela a noção de comunidade e minimiza o papel da afetividade nas relações sociais.

4- (UEL - 2003) Um jovem que havia ingressado recentemente na universidade foi convidado para uma festa de recepção de calouros. No convite distribuído pelos veteranos não havia informação sobre o traje apropriado para a festa. O calouro, imaginando que a festa seria formal, compareceu vestido com traje social. Ao entrar na festa, em que todos estavam trajando roupas esportivas, causou estranheza, provocando risos, cochichos com comentários maldosos, olhares de espanto e de admiração. O calouro não estava vestido de acordo com o grupo e sentiu as represálias sobre o seu comportamento. As regras que regem o comportamento e as maneiras de se conduzir em sociedade podem ser denominadas, segundo Émile Durkheim (1858-1917), como fato social.

Considere as afirmativas abaixo sobre as características do fato social para Émile Durkheim.

I. O fato social é todo fenômeno que ocorre ocasionalmente na sociedade.
II. O fato social caracteriza-se por exercer um poder de coerção sobre as consciências individuais.
III. O fato social é exterior ao indivíduo e apresenta-se generalizado na coletividade.
IV. O fato social expressa o predomínio do ser individual sobre o ser social.

Assinale a alternativa correta.

a) Apenas as afirmativas I e II são corretas.
b) Apenas as afirmativas I e IV são corretas.
c) Apenas as afirmativas II e III são corretas.
d) Apenas as afirmativas I, III e IV são corretas.
e) Apenas as afirmativas I, II e IV são corretas.

5- (UEL – 2004) O texto a seguir refere-se à situação dos apátridas na
2ª Guerra Mundial:
“O que era sem precedentes não era a perda do lar, mas a impossibilidade de encontrar um novo lar. De súbito revelou-se não existir lugar algum na terra aonde os emigrantes pudessem se dirigir sem as mais severas restrições, nenhum país ao qual pudessem ser assimilados, nenhum território em que pudessem fundar uma nova comunidade própria [...] A calamidade dos que não têm direitos não decorre do fato de terem sido privados da vida, da liberdade ou da procura da felicidade, nem da igualdade perante a lei ou da liberdade de opinião – fórmulas que se destinavam a resolver problemas dentro de certas comunidades – mas do fato de já não pertencerem a qualquer comunidade [...] A privação fundamental dos direitos humanos manifesta-se, primeiro e acima de tudo, na privação de um lugar no mundo que torne a opinião significativa e a ação eficaz. Algo mais fundamental do que a liberdade e a justiça, que são os direitos do cidadão, está em jogo quando deixa de ser natural que um homem pertença à comunidade em que nasceu.” (ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo: anti-semitismo, imperialismo, totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 227, 229, 230.)

Com base no texto, é correto afirmar:
a) Obter o reconhecimento por uma comunidade é condição básica para o gozo de direitos.
b) A condição em que se encontra o apátrida é igual à condição de escravo.
c) Ser privado da vida é menos importante que ser privado da liberdade.
d) Ao apátrida é garantida ressonância às suas opiniões mais significativas.
e) Ser um apátrida é ser reconhecido como um indivíduo com direitos fora de seu país de origem.

6- (UEL – 2005) Emile Durkheim observa que uma condição fundamental para que a sociedade possa existir é a presença de um consenso social. Pois sem consenso não há cooperação entre os indivíduos e, portanto, não há vida social. Este consenso é garantido pelo meio moral que compartilhamos, o qual, por sua vez, é produzido pela cooperação entre os indivíduos através de um processo de interação que Durkheim chamou de divisão do trabalho social. Desse modo, conforme o tipo de divisão do trabalho social que predomina na vida coletiva numa determinada época tem-se um tipo diferente de solidariedade entre os indivíduos. Durkheim destaca dois tipos de solidariedade: a mecânica e a orgânica. No Brasil, por exemplo, nota-se a influência das idéias positivistas em boa parte de sua legislação. (Adaptado de: RODRIGUES, Alberto T. Sociologia da Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. p.27-28.) Considere as afirmativas a seguir, que apresentam artigos e parágrafos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT- Edição de 1988) e da Constituição de 1988.

I. “[São condições para o funcionamento do Sindicato:] a proibição de qualquer propaganda de doutrinas incompatíveis com as instituições e os interesses da
Nação [...]”.
II. “[São prerrogativas dos Sindicatos:] colaborar com o Estado, como órgãos técnicos e consultivos, no estudo e solução dos problemas que se relacionam
com a respectiva categoria ou profissão liberal”.
III. “[Dos direitos e deveres individuais e coletivos:] a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo
vedada a interferência estatal em seu funcionamento”.
IV. “[Da Organização Sindical:] A solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas constitui o vínculo social básico que se denomina aqui categoria econômica”.

Remetem ao conceito de solidariedade orgânica, apenas as afirmativas:
a) I e III.
b) I e IV.
c) II e III.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.

7- (UEL – 2005) “A despeito de se viver na era dos direitos, são significativos os homicídios no mundo inteiro, as condições sub-humanas a que são submetidas centenas de milhões de pessoas [...]. No Brasil, aí estão assassínios praticados por graúdos mandantes que se servem de pistoleiros profissionais, trabalho escravo, tráfico de mulheres, menores para prostituição, a deplorável guerra do tráfico de drogas e as chacinas em grandes cidades brasileiras, em pleno século XXI [...]. Pelo número de concepções, leis, tratados, etc., está-se na era dos direitos. No plano da efetivação dos direitos, para utilizar a expressão de Lipovetsky [...], não se estaria na era do vazio [de direitos]?” [Situações sociais desse tipo são analisadas por alguns sociólogos a partir da consideração de que nos encontramos em] “uma condição social em que as normas reguladoras do comportamento perderam a sua validade, [onde] a eficácia das normas está em perigo”. (Folha de São Paulo, São Paulo, 30 ago. 2004. p. A 3.)

Assinale a alternativa que indica o conceito utilizado por Emile Durkheim (1858-1917) para definir uma “condição social” do tipo descrito no texto.

a) Anomia.
b) Fato social.
c) Coerção social.
d) Consciência coletiva.
e) Conflito social.

8- (UEL – 2006) “Na raiz de nossos julgamentos existe um certo número de noções essenciais que dominam toda a vida intelectual; são aquelas que os filósofos chamam de categorias do entendimento: noções de tempo, de espaço, de gênero, de número, de causa, de substância, de personalidade etc. [...] Mas, se, como pensamos, as categorias são representações essencialmente coletivas, traduzem antes de tudo estados da coletividade: elas dependem da maneira pela qual esta é constituída e organizada, de sua morfologia, de suas instituições religiosas, morais, econômicas etc.” (DURKHEIM, Émile. Sociologia. São Paulo: Ática, 1981. p. 154-157.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar que a noção de categorias do entendimento compreende:
a) Os estados emocionais fugazes dos indivíduos de distintas sociedades.
b) Aquelas representações cuja formação é exterior às instituições religiosas, morais e econômicas.
c) O modo como a sociedade vê a si mesma nos modos de agir e pensar coletivos.
d) A tradução de estados mentais dos indivíduos portadores de distintas visões de mundo.
e) As noções incomuns à vida intelectual de uma sociedade que deturpa os julgamentos dos sujeitos.

9- (UEL – 2004) O sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917) considera a “comunhão de valores morais” a condição fundamental e primeira para a construção da coesão social. Para ele, a moral (conjunto de valores e juízos direcionados à vida em comum) é o amálgama que une os indivíduos à vida em grupo. A moral traça as orientações da conduta ideal para as pessoas, e parte do seu conteúdo se materializa em normas e regras. Durkheim afirma o papel do regulamento moral para a integração social, insistindo que a moral é o mínimo indispensável, sem o qual as sociedades não podem viver em harmonia. Esses pressupostos, a respeito das condições para o bom convívio dos indivíduos numa coletividade, permitem a formulação de uma avaliação específica sobre o problema da criminalidade violenta praticada por jovens no Brasil, hoje.
Indicam-se, a seguir, algumas possíveis propostas de ação para enfrentar esse problema. Assinale a alternativa que está em conformidade imediata com os pressupostos sociológicos mostrados no texto.

a) Priorizar o combate ao narcotráfico, ao crime organizado, aos esquadrões da morte e a unificação das polícias.
b) Estimular a produção econômica para a geração de empregos, enfatizando aqueles voltados à população de 15 a 24 anos.
c) Promover a instituição familiar; reforçar o papel socializador da escola com ênfase na educação para a paz e para a cidadania e melhorar o funcionamento do sistema legal.
d) Detectar antecipadamente os jovens portadores de personalidade irritável, impulsiva e impaciente e providenciar o tratamento terapêutico como política pública.
e) Investir no controle da natalidade, reduzindo o número de nascimentos a médias compatíveis com os índices de desenvolvimento econômico previstos

10- (UEL – 2006) Ao receber um convite para uma festa de aniversário, é comum que o convidado leve um presente. Reciprocamente, na festa de seu aniversário, este indivíduo espera receber presentes de seus convidados. Do mesmo modo, se o vizinho nos convida para o casamento de seu filho, temos certa obrigação em convidá-lo para o casamento do nosso filho. Nos aniversários, nos casamentos, nas festas de amigo-secreto e em muitas outras ocasiões, trocamos presentes. Segundo o sociólogo francês Marcel Mauss, a prática de “presentear” é algo fundamental a todas as sociedades: segundo ele, a relação da troca, esta obrigatoriedade de dar, de receber e de retribuir é mais importante que o bem trocado.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, considere as afirmativas a seguir.

I. O ato de presentear instaura e reforça as alianças e os vínculos sociais.
II. A troca de presentes cria e alimenta um circuito de comunicação nas sociedades.
III. O lucro obtido a partir dos bens trocados é o que fundamenta as relações de troca de presentes.
IV. O presentear como prática social originou-se quando da consolidação do modo capitalista de produção.

Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I e II.
b) I e III.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.

11- (UEL - 2008) Leia os depoimentos a seguir:

• Sou um ser livre, penso apenas com minhas idéias, da minha cabeça, faço só o que desejo, sou único, independente, autônomo. Não sigo o que me obrigam e pronto! Acredito que com a força dos meus pensamentos poderei realizar todos os meus sonhos, e o meu esforço ajuda a sociedade a progredir. (Jovem estudante e trabalhadora em uma loja de shopping).

• Sou um ser social, o que penso veio da minha família, dos meus amigos e parentes, gostaria de fazer o que desejo, mas é difícil! Às vezes faço o que quero, mas na maioria das vezes sigo meu grupo, meus amigos, minha religião, minha família, a escola, sei lá... Sinto que dependo disso tudo e gostaria muito de ser livre, mas não sou! (Jovem estudante em uma escola pública que trabalha em empregos temporários).

• Sinto que às vezes consigo fazer as coisas que desejo, como ir a raves, mesmo que minha mãe não permita ou concorde. Em outros momentos faço o que me mandam e acho que deve ser assim mesmo. É legal a gente viver segundo as regras e ao mesmo tempo poder mudá-las. Nas raves existem regras, muita gente não percebe, mas há toda uma estrutura, seguranças, taxas, etc. Então, sinto que sou livre, posso escolher coisas, mas com alguns limites. (Jovem estudante e Office boy).

Assinale a alternativa que expressa, respectivamente, as explicações sociológicas sobre a relação entre indivíduo e sociedade presentes nas falas.

a) Solidariedade mecânica, fundada no funcionalismo de E. Durkheim; individualismo metodológico, fundado na teoria política liberal; teoria da consciência de classe, fundada em K. Marx.
b) Teoria da consciência de classe, fundada em K. Marx; sociologia compreensiva, fundada no conceito de ação social e suas tipologias de M. Weber; teoria organicista de Spencer.

c) Individualismo, fundado no liberalismo de vários autores dos séculos XVIII a XX; funcionalismo, fundado no conceito de consciência coletiva de E. Durkheim; sociologia compreensiva, fundada no conceito de ação social e suas
tipologias de M. Weber.

d) Sociologia compreensiva, fundada no conceito de ação social e suas tipologias de M. Weber; teoria da consciência de classe, fundada em K. Marx; funcionalismo, fundado no conceito dos três estados de Augusto Comte.

e) Corporativismo positivista, fundado em Augusto Comte; individualismo, fundado no liberalismo de vários autores dos séculos XVIII a XX; teoria da consciência de classe, fundada em K. Marx.

12- (UEL - 2008 ) De acordo com Florestan Fernandes:

A concepção fundamental de ciência, de Emile Durkheim (1858-1917), é realista, no sentido de defender o princípio segundo o qual nenhuma ciência é possível sem definição de um objeto próprio e independente. (FERNANDES, F. Fundamentos empíricos da explicação sociológica. Rio de Janeiro: Cia Editora Nacional, 1967. p. 73).

Assinale a alternativa que descreve o objeto próprio da Sociologia, segundo Emile Durkheim (1858-1917).

a) O conflito de classe, base da divisão social e transformação do modo de produção.
b) O fato social, exterior e coercitivo em relação à vontade dos indivíduos.
c) A ação social que define as inter-relações compartilhadas de sentido entre os indivíduos.
d) A sociedade, produto da vontade e da ação de indivíduos que agem independentes uns dos outros.
e) A cultura, resultado das relações de produção e da divisão social do trabalho.

13- (UEL - 2008) De acordo com Max Weber, a Sociologia significa: “uma ciência que pretende compreender interpretativamente a ação social e assim explicá-la casualmente em seu curso e em seus efeitos.” Por ação social entende-se as ações que: “quanto ao seu sentido visado pelo agente, se refere ao comportamento dos outros, orientando-se por este em seu curso.”
(WEBER, M. Economia e sociedade. Traduzido por Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa. vol. I. Brasília: Editora UnB, 2000. p. 3)

Com base no texto, considere as afirmativas a seguir:

I. “Mesmo entre gente humilde, porém, funcionava o sistema de obrigações recíprocas. O nonagentário Nhô Samuel lembrava com saudade o dia em que o pai, sitiante perto de Tatuí, lhe disse que era tempo de irem buscar a novilha dada pelo padrinho... Diz que era costume, se o pai morria, o padrinho ajudar a comadre até ‘arranjar a vida’. Hoje, diz Nhô Roque, a gente paga o batismo e, quando o afilhado cresce, nem vem dar louvado (pedir a benção).”
(CANDIDO, A. Os Parceiros do Rio Bonito. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1982. p. 247.)

II. “O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.”
(CUNHA, E. Os Sertões. São Paulo : Círculo do Livro, 1989. p. 95.)

III. “Não há assim por que considerar que as formas anacrônicas e remanescentes do escravismo, ainda presentes nas relações de trabalho rural brasileiro, [...], dando com isso origem a relações semi-feudais que implicariam uma situação de ‘latifúndios de tipo senhorial a explorarem camponeses ainda envolvidos em restrições da servidão da gleba’. Isso tudo não tem sentido na estrutura social brasileira.”
(PRADO Jr., C. A Revolução Brasileira. São Paulo : Brasiliense, 1987. p. 106.)

IV. “O coronel, antes de ser um líder político, é um líder econômico, não necessariamente, como se diz sempre, o fazendeiro que manda nos seus agregados, empregados ou dependentes. O vínculo não obedece a linhas tão simples, que se traduziriam no mero prolongamento do poder privado na ordem na ordem pública [...] Ocorre que o coronel não manda porque tem riqueza, mas manda porque se lhe reconhece esse poder, num pacto não escrito.”
(FAORO, R. Os donos do poder. v. 2. Porto Alegre: Editora Globo, 1973. p. 622.)

Correspondem ao conceito de ação social citado anteriormente somente as afirmativas

a) I e IV.
b) II e III.
c) II e IV.
d) I, II e III.
e) II, III e IV.

Respostas:

1 – Resposta: 27
Alternativa (s) correta (s): 01-02-08-16

2- Resposta: 29
Alternativa (s) correta (s): 01-04-08-16

3-C 4-C 5-A 6-D 7-A 8-C 9-C 10-A 11-C 12-B 13-C

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Sobre Raças Humanas

Desde a Antigüidade, a mentalidade ocidental convive com a idéia de que os seres humanos estão divididos em raças, mas foi no decorrer do século XIX, quando os países europeus necessitavam justificar seus projetos de expansão imperialista, que uma grande parte dos seus recursos intelectuais estiveram mais empenhados em definir e hierarquizar as raças que compõem nossa espécie.

Para classificar a variedade de fenótipos humanos, muitos cientistas trabalharam exaustivamente e sua influência deu credibilidade à afirmação de que os brancos de origem européia ocupariam os estágios mais elevados do desenvolvimento, em detrimento dos não-brancos, invariavelmente identificados com o atraso.

Muitas pessoas ganharam celebridade ao expor o resultado de suas pesquisas que, de alguma forma, reforçavam um suposto determinismo biológico aplicado às sociedades humanas, um darwinismo social. Para auferir crédito às asserções, executavam tendenciosamente análises da anatomia de grupos humanos, utilizando, inclusive, instrumentos da antropologia criminal da época, como a craniometria por exemplo, para classificar os povos e estabelecer correlações entre aparências físicas e aptidões.

A ciência do século XIX dava ao racismo o fundamento que lhe permitia justificar a escravização criminosa de milhões de africanos e o autorizava a contradizer de modo convincente o 1º artigo da "Declaração Universal dos Direitos do Homem" de que os seres humanos nascem livres e iguais.

Entre os resultados práticos da noção de que a humanidade se divide em raças, e que algumas são superiores e outras inferiores, está o extermínio de 6 milhões de judeus pelos nazistas nas décadas de 1930 e 1940.

Entretanto, com o progresso da genética e da biologia molecular, os biólogos e antropólogos observaram que nenhum gene humano é específico de uma raça e que todas as populações têm mais ou menos os mesmos genes. As suas conclusões são de que nem a genética e nem bioquímica fornece qualquer subsídio para justificar a existência do conceito "raças humanas". Pelo contrário, afirmou-se em seu lugar, que a espécie humana é essencialmente uma só, o que municiou a ciência para atestar com absoluta segurança que as bases conceituais das afirmações anteriores não têm qualquer valor.

Assim, logo depois da Segunda Guerra Mundial, portanto após a derrota de Hitler e de suas idéias, foram realizados encontros, com o apoio institucional da Unesco, em que participaram cientistas sociais e geneticistas, os quais, diante das evidências, decidiram elaborar a "Declaração Sobre Raça" em que aparecia a afirmação de que "raça é menos um fato biológico do que um mito social".

Desde então, alguém que defenda tal coisa corre o risco de ser visto como quem procura chifre em cabeça de cavalo, porque a evolução da pesquisa científica alcançou um outro paradigma: há uma única raça humana. Como conseqüência desse progresso, a discriminação dos não-brancos deixou de ter respaldo científico e passou a ser vista como um produto da ignorância.

Apesar de que esse progresso da ciência contemporânea não é contínuo, ele tem alguns retrocessos, um exemplo foi a publicação em 1994 de "A curva do sino" (The Bell Curve) em que os autores, sem apresentar nada de novo, tentavam demonstrar a inferioridade nata dos negros através do cruzamento de estatísticas geradas por testes de inteligência. Seus resultados são tão absurdos que a simples citação de alguns nomes de negros que se destacaram no cenário intelectual, como Cheik Anta Diop ou o nosso Milton Santos, já seria suficiente para jogar por terra os seus pressupostos.

Embora cientificamente inadequado, já que o conceito não corresponde a nada que exista na natureza, a idéia de raça sobrevive como construção ideológica e cultural. Assim, não pode haver dúvida que o uso da expressão "raça" continua representando uma concepção social, política ou cultural, mesmo que nunca mais seu significado denote um produto da evolução natural da espécie humana. Pior do que a permanência de raça enquanto conceito, agora desprovido de seu conteúdo biologizante, é a inegável constatação do triste fato, que infelizmente expressa uma danosa deformidade de nossa civilização, o de que o racismo existe e continua fazendo vítimas diariamente.

Depois da divulgação de sucessivas pesquisas do IBGE e do Ipea, mostrando a situação desigual entre negros e brancos, agora a antiga proposição de que no Brasil o que existia era uma "democracia racial" já não se sustenta mais. Os defensores da tese do "racismo cordial" precisam de novos argumentos.

A afirmação, sempre progressista, de que não existem raças humanas, agora que está em discussão a adoção de políticas de ação afirmativa como iniciativa para minimizar a situação de exclusão, pela escravidão e pelas práticas racistas cotidianas, a que foram submetidos os negros e os índios — as maiores vítimas do uso tanto científico quanto ideológico da idéia de raça —, pode acabar assumindo as cores do reacionarismo se for utilizada como argumento contrário à institucionalização dessas medidas. O discurso, aparentemente sintonizado com as mais humanitárias teses do Iluminismo, de que a raça humana é uma só e que, portanto, não há sentido que uma parcela se beneficie de tratamento diferenciado, nesse momento só serve para erigir mais obstáculos à transformação dessa sociedade criando dificuldade para que ela se torne pelo menos um pouco mais justa, na medida que fornece argumento para que mudanças na nossa pirâmide social, mesmo mínimas, não sejam efetivadas e a melanina continue colorindo apenas a sua extensa base, deixando, convenientemente, intocado o estreito cume.

Sociabilidade Neoliberal - Primeiro e Segundo ano

Sociabilidade é uma expressão empregada na produção acadêmica em diferentes sentidos. Em geral, é relacionada às análises sobre os modos de viver e de ser em sociedade, em comunidades ou em pequenos grupos sociais. Historicamente, o conceito de sociabilidade vem sendo disputado por diferentes correntes de pensamento presentes no debate das ciências sociais.

Em autores clássicos encontramos importantes formulações que oferecem elementos para a compreensão do alcance teórico do conceito de sociabilidade e, de modo particular, do significado de sociabilidade neoliberal tão presente na atualidade.

As formulações de John Locke (1632 a 1704) representam um marco no pensamento político. Suas idéias serviram de base para as lutas da burguesia contra o absolutismo e mais tarde inspiraram a doutrina liberal, sobretudo em suas formulações sobre Estado. Em seus escritos políticos é possível localizar registros importantes para traçarmos a gênese do conceito em questão.

Para Locke todos os homens seriam iguais e independentes por natureza, ninguém poderia/deveria prejudicar ou ameaçar os 'direitos naturais' do outro, principalmente o 'direito natural' à propriedade, pois ela faria parte da constituição do próprio indivíduo, estando relacionada à condição de sobrevivência do ser e da humanidade. No pensamento lockeniano, liberdade e propriedade seriam, portanto, indissociáveis.

Para ele, a propriedade estaria ligada ao 'estado de natureza', teria surgido antes mesmo da sociedade. No pensamento lockeniano, a expansão da propriedade privada, mesmo criando a desigualdade entre os homens, não violaria o preceito da 'lei natural'. A teorização de Locke indica ainda que o modo de vida (sociabilidade) seria constituído para o individuo e pelo indivíduo (seres isolados e racionais) e, num segundo plano, pelo 'contrato social', ou seja, um acordo coletivo entre indivíduos para preservar os 'direitos naturais' de cada um, formando, assim, a sociedade e o Estado (centro de poder). Considerando que o indivíduo vem antes da sociedade, a delimitação da sociabilidade envolveria dois planos: no primeiro pelo individualismo; num segundo plano, pelo contrato social, cujo foco seria a preservação da propriedade.

A perspectiva liberal de sociabilidade foi tratada também por outro importante formulador político, Adam Smith (1723 a 1790). Em alguns de seus escritos encontramos outras referências para delimitar a gênese do conceito. Suas formulações não se restringiram ao contexto de sua época, ultrapassaram o tempo, inspirando ações políticas para afirmar um padrão capitalista de sociabilidade.

Para Smith, os homens organizariam o seu modo de vida em sociedade com base em preceitos naturalmente preestabelecidos pela ordem natural das coisas, reafirmando as idéias de Locke. Os indivíduos seriam regidos por uma racionalidade baseada em interesses privados e na busca incessante do lucro, de maneira egoísta, mas produtiva, cujas repercussões seriam positivas para todos. A associação entre indivíduos obedeceria a uma lei natural e necessária de obtenção ou preservação do lucro. A 'mão invisível' do mercado seria a força ordenadora das relações sociais e das condutas individuais. Para legitimar o individualismo, Smith defendia que o somatório dos esforços de cada indivíduo de uma sociedade representaria um resultado positivo para toda a sociedade, uma vez que haveria um aumento geral da riqueza beneficiando a todos, ainda que indiretamente e de forma desigual. Partindo do pressuposto de que a propriedade, a liberdade e a vida existiriam naturalmente antes da organização dos homens em sociedade, Smith acreditava que as regras e as condutas pessoais deveriam ser preservadas e incentivadas como referências para o perfeito funcionamento de qualquer sistema social. O interesse próprio seria o ponto fundamental do ordenamento das relações sociais, envolvendo trabalho e vida em todas as suas dimensões. A esse respeito Smith argumentava que:

Numa sociedade civilizada o homem necessita constantemente da ajuda e cooperação de uma imensidade de pessoas, e a sua vida mal chega para lhe permitir conquistar a amizade de um pequeno número. Em quase todas as outras espécies animais, cada indivíduo, ao atingir a maturidade, é inteiramente independente, e, no seu estado normal, não necessita da ajuda de qualquer outro ser vigente. Mas o homem necessita quase constantemente do auxílio dos seus congêneres e seria vão esperar obtê-lo somente da sua bondade. Terá maior probabilidade de alcançar o que deseja se conseguir interessar o egoísmo deles a seu favor e convencê-los de que terão vantagem em fazer aquilo que ele deles pretende. Quem quer que propõe a outro um acordo de qualquer espécie, propõe-se conseguir isso. Dá-me isso, que eu quero, e terás isto, que tu queres, é o significado de todas as propostas desse gênero; e é por esta forma que obtemos uns dos outros a grande maioria dos favores e serviços de que necessitamos. Não é da bondade do homem do talho, do cervejeiro ou do padeiro que podemos esperar o nosso jantar, mas da consideração em que eles têm o seu próprio interesse. Apelamos, não para a sua humanidade, mas para o egoísmo, e nunca lhes falamos das nossas necessidades, mas das vantagens deles. Ninguém, a não ser um mendigo, se permite depender essencialmente da bondade dos seus concidadãos. Até mesmo um mendigo não depende inteiramente dela. (1981, p. 94/95, grifo nosso).

Nessa lógica, o individualismo marcaria o modo de vida dos homens e mulheres, sendo a base do equilíbrio social e do funcionamento de toda a sociedade.

Um terceiro intelectual importante para a compreensão do conceito de sociabilidade no capitalismo foi Friedrich August von Hayek (1899 a 1992). Ao atualizar as idéias de Locke e Smith para o século XX e fundar o que foi denominado de neoliberalismo, Hayek definiu que o mercado, centro das relações sociais, e o individualismo, principal marca da ação humana, deveriam ser recuperados com toda ênfase no mundo contemporâneo.

Hayek defendia que o mercado asseguraria uma superioridade a qualquer tipo de regulação econômica e política e a qualquer instituição social, devendo servir de base para o ordenamento das sociedades e das condutas humanas. Isso possibilitaria que uma sociedade evitasse o massacre e o tolhimento do ser humano, permitindo, assim, a expansão de todas as potencialidades do ser.

Argumentava também que o individualismo não seria sinônimo de egoísmo e desconsideração com o outro. Em sua visão, o egoísmo seria uma qualidade humana ligada à própria dimensão da razão. Considerando que os indivíduos teriam uma capacidade limitada de absorver intelectualmente um conjunto de problemas, demandas e necessidades presentes no mundo, ou ainda de compreendê-los como uma totalidade, Hayek acreditava que não restaria outra opção a não ser valorizar a qualidade natural sem artificialismos. Nessa linha, os homens se organizariam em pequenos grupos para defender os interesses específicos e limitados, e nunca por interesses coletivos que pudessem representar mudanças substantivas na política e na economia. Na lógica hayekiana, os organismos sindicais e partidários de massa deveriam ser abolidos ou redefinidos, abandonando as bandeiras de lutas mais gerais.

A sociabilidade neoliberal proposta por Hayek abrangeria três aspectos essenciais que deveriam ser difundidos nos processos educativos escolares e não-escolares: o individualismo como valor moral radical, o empreendedorismo e a competitividade.

Embora essas idéias ainda permeiam o mundo de hoje, são as formulações de Anthony Giddens (1938 a...), em seu esforço para sistematizar o projeto da 'nova social-democracia' em nível mundial, que melhor traduzem a sociabilidade neoliberal no século XXI.

Considerando que a atual fase do capitalismo privilegia a 'libertação psicológica' dos indivíduos das pressões exercidas pelo mundo polarizado do passado e dos antagonismos entre capital-trabalho, o autor argumenta que o individualismo configura-se como um estilo de vida sem retorno e deve ser tomado como referência para recuperar a coesão cívica que teria entrado em crise com as políticas neoliberais de viés hayekiano.

A grande tarefa para educar a sociabilidade no século XXI seria a eliminação ou resignificação dos símbolos do passado, recriando, assim, a tradição. Para Giddens, o mundo continua reivindicando indivíduos empreendedores e competitivos, mas necessitaria também de indivíduos 'colaboradores'. Considerando que o Estado de bem-estar social e o Estado neoliberal, com sua ênfase no mercado, teriam gerado mais problemas do que soluções para a humanidade, ampliando tensões sociais graves, a saída seria para Giddens a criação de algo 'novo': a 'sociedade de bem-estar', sustentada pelo espírito empreendedor e voluntarioso dos novos tipos humanos.

Nesses termos, a sociabilidade neoliberal no século XXI incorpora as idéias de Locke, Smith e Hayek, e as atualiza com a idéia de cooperação ou colaboração social de caráter não-classista. Assim, em processos sociais moleculares, indivíduos em regime de cooperação, reunidos em pequenos grupos, atuariam solidariamente em defesa do 'bem-comum'. O resultado do processo seria a coesão cívica, algo positivo para cada indivíduo e para o conjunto da sociedade.

A sociabilidade neoliberal do século XXI (ou sociabilidade neoliberal da Terceira Via) é definida como a nova 'cidadania ativa', caracterizada pelo: empreendedorismo, competitividade, trabalho voluntário e colaboração social.

Numa perspectiva crítica, sociabilidade corresponde ao ‘conformismo social’ a que homens e mulheres são submetidos num determinado ordenamento político, econômico, social e cultural (Gramsci, 1999). Os seres humanos, coletivamente, produzem e reproduzem as condições objetivas e subjetivas de sua própria existência, portanto, não as recebem prontas da natureza. A produção da existência humana se desenvolve sob determinadas condições e por diferentes mediações em um dado contexto histórico. O ser humano é, portanto, o conjunto da natureza e da história, uma síntese das forças materiais e culturais presentes em um tempo (Gramsci, 1999; Marx & Engels, 1984).

A sociabilidade é uma construção histórica produzida coletivamente, envolvendo relações de poder e refletida em cada sujeito singular por diferentes mediações, expressando, assim, um ordenamento mais ou menos comum sobre as formas de sentir/pensar/agir. A sociabilidade neoliberal no século XXI indica que há um padrão predominante de percepções, pensamentos e comportamentos que deve ser seguido por todos que desejam ser considerados bons cidadãos e bons trabalhadores.

A sociabilidade neoliberal do século XXI vem permitindo que os sujeitos históricos entendam a exploração do capital sobre o trabalho como algo naturalmente constituído, que seu sucesso ou fracasso é unicamente decorrente do seu esforço (de sua capacidade empreendedora e competitiva) e que é possível promover o bem-comum com ações voluntárias, independentemente das condições socioeconômicas e das relações de poder existentes.

Individualidade ou Sociabilidade - Segundo ano

O homem é um ser em evolução e sua tendência natural é sair do egocentrismo. O homem tem a necessidade de pertencer a um determinado grupo social, seja a família, a escola, o trabalho e tantos outros.

Desde os primórdios da humanidade, a vida em sociedade traz em seu contexto a disputa pelos bens, disputa essa que jamais se arredará, pelo simples fato de cada ser humano constituir um universo próprio de desejos maternais, donde a necessidade de regras gerais é estabelecer limites que possibilitem a não invasão dos direitos individuais.

Quando se fala, por exemplo, em dignidade, em sentimento, amor, ódio, conhecimento, intelectualidade, desejo, indiferença, está se falando em valores intrínsecos do ser humano, em valores que constituem um patrimônio subjetivo, visualizado no mundo exterior apenas nas manifestações que cada pessoa, em determinados momentos, deixa livremente exalar de seu corpo, de seu espírito, de sua alma, mostrando-se como verdadeiramente é, mostrando-se exclusivamente "ser".

Mas, para falarmos de valores intrínsecos, temos, primeiramente, que nos reportarmos ao segundo período do Estado de Direito, que teve seu início em meados do século XIX. No Estado de Direito, vemos que atribui-se ao Estado a missão de buscar a igualdade entre os cidadãos; para atingir essa finalidade, o Estado deve intervir na ordem econômica e social para ajudar os menos favorecidos; a preocupação maior desloca-se da liberdade para a igualdade.

O individualismo, que imperava no período do Estado Liberal, foi substituído pela idéia de socialização, no sentido de preocupação com o bem comum, com o interesse público. Isto não significa que os direitos individuais deixassem de ser reconhecidos e protegidos; pelo contrário, estenderam o seu campo, de modo a abranger direitos sociais e econômicos.

O fracasso do chamado Estado Social de Direito é evidente. No Brasil, a exemplo do que ocorre em muitos outros países, não houve a mínima possibilidade de que milhões de brasileiros tivessem garantidos direitos sociais dos mais elementares, como saúde, educação, previdência social, moradia. Grande parte da população não tem assegurado o direito a uma existência digna.

As limitações ao exercício dos Direitos Individuais em benefício de uma coletividade foram o único caminho encontrado para o alcance de maior eqüidade social. Como disse Bobbio, "as sociedades reais, que temos diante de nós, são mais livres na medida em que menos justas e mais justas na medida em que menos livres".

Quando falamos em ser humano, em individualidade e em sociedade, não podemos deixar de falar, também, no lema "Liberté, Egalité, Fraternité", ou seja, "Liberdade, Igualdade, Fraternidade" usado na Revolução Francesa, em 1784, o qual retratava o seguinte:

  • Liberdade: os homens nascem e permanecem livres e iguais nos direitos. A liberdade é considerada um direito natural;
  • Igualdade: a lei é a mesma para todos, profissões e funções públicas são acessíveis a todos, sem distinção por nascimento. Os cidadãos são iguais perante a lei, o que significa que privilégios são condenados;
  • Fraternidade: auxiliar os povos da Europa a se tornarem Estados livres como o francês.

Infelizmente, esse ideal não foi atingido durante a Revolução e nem atualmente.

Durante a Revolução Francesa, na qual a Liberdade surgiu num sentido singular, as pessoas desfrutaram de maiores facilidades e concessões, o que se convencionou chamar de direitos. Estes não eram iguais para todos, se entendermos que a igualdade era a meta mais difícil, devido à crescente divisão social. Até hoje, o homem não realizou os ideais da Revolução. No entanto, grandes mudanças ocorreram na "imortal trindade", tais como: o conceito de liberdade que passou para liberdades, "positiva" e "negativa". A primeira, "positiva", é a idéia na qualidade de cidadãos, de participação política, e a "negativa" se resume em poder fazer ou ser aquilo que se quer. A igualdade teve, nesses 200 anos, com o desenvolvimento social, um aumento nas desigualdades, e a fraternidade foi abandonada em um mundo que colocou a afirmação dos Estados Nacionais acima da solidariedade entre os povos.

A palavra caridade, junto com o lema revolucionário Francês "Liberdade, Igualdade, Fraternidade", em conjunto, formam um símbolo, uma aspiração e uma inspiração, para todas as pessoas comprometidas com os valores humanos e com a organização da vida social e coletiva do homem.

O Estado, por sua vez, na forma como se organiza, tendo em vista uma cidadania melhor, acaba por propor e criar políticas sociais que não levam em conta o cotidiano e a construção de uma cidadania crítica, participativa e de qualidade.

Sabe-se que o problema da desigualdade é um componente histórico-estrutural, que perfaz a própria dinâmica da resistência e da mudança, pois, o capitalismo representa uma sociedade de discriminação. O que se quer são formas mais democráticas, políticas sociais que reduzam o espectro da desigualdade e da desconcentração de renda e poder. O Estado pode ser um eqüalizador de oportunidades, desde que defina, não o seu tamanho ou presença, mas a quem serve.

A concepção de cidadania persistida pelo Estado, ainda baseia-se nos princípios da liberdade, igualdade e fraternidade, onde a própria organização política, histórica e social brasileira torna-a impossível, pelas grandes desigualdades e mazelas sociais existentes.

As políticas sociais, embora tenham objetivo de proporcionar uma harmonia entre os três princípios, têm se mostrado insuficientes para resolver as contradições entre a proposta de cidadania e a sua realização efetiva.

"Cada um vê as coisas conforme o ponto de vista em que se coloca. O meu ponto de vista para julgar a sociedade é este: o homem social é um carnívoro açamado (amordaçado com açamo - focinheira para cães). O açamo chama-se a lei, polícia, poder público. Nos momentos em que a vigilância do poder público adormece ou a coação legal esmorece, cai o açamo, o homem recobra toda a sua liberdade natural, e fica apenas limitado o seu poder por esta lei única: o mais fraco é presa do mais forte. Encarando assim os fatos sociais, é tão insensato o louvor quanto o vitupério. A natureza é imoral".

De todo o exposto, é inarredável que tenhamos a consciência da impossibilidade de radicalismos, porém, é necessário que o Direito observe, na sua evolução, não apenas a evolução objetiva da sociedade, mas, principalmente, o que o ser humano tem de essência, tornando-se este a razão da existência daquele.

Sonhar com um mundo de iguais: fraterno e livre. Sonhar com um mundo sem religiões em que os homens vivam apenas para o dia de hoje. Sonhar com um mundo sem patrões, sem governos, sem ricos nem pobres. Sonhar com a Utopia de Thomas Moore, com a República de Platão, com o Socialismo de Karl Marx. Sonhar com a Era de Aquários que acabou nunca acontecendo. Sonhar com um mundo completamente diferente do competitivo mundo do século 21. Sonhar, sonhar sempre!

Continuemos, pois, a sonhar. Quem sabe, um dia, conseguiremos idealizar e, acima de tudo, concretizar uma sociedade perfeita. Uma célula fraterna, gerida por um núcleo de notáveis escolhidos entre os mais sábios e mais magnânimos. Uma sociedade que funcione com uma única célula, sempre em prol do bem comum.

Sociabilidade e Socialização - Primeiro ano

A humanidade se encontra em constante evolução, sendo sua tendência natural abandonar a ideologia do egocentrismo (aquele que considera seu próprio “eu” como o centro de tudo). Os seres humanos, por mais que se acham auto-suficientes, necessitam de seus semelhantes para sobreviver, criar formas de expressão cultural, comunicar-se, perpetuar a espécie e obter realização plena como indivíduos. O que forma o caráter humano nos indivíduos da espécie humana é a convivência em grupo. A convivência social desde o surgimento da humanidade possui em seu contexto a competição pelos bens, competição essa que jamais terá fim, unicamente pelo fato de cada pessoa constituir um universo próprio de desejos maternais, cuja necessidade de regras gerais é a de definir limites que proporcionem a invasão dos direitos de cada indivíduo. E é a sociabilidade que capacita naturalmente o ser humano para a convivência em sociedade, desenvolvendo-se pelo meio da socialização.

É por meio da socialização que a espécie humana se integra entre si ao grupo em que nasceu, absorvendo o conjunto de hábitos, costumes e regras característicos de seu grupo. Nossa socialização acontece quando participamos da vida em sociedade, assimilando todas as suas principais características. Tendo por definição que quanto mais coerente for a socialização, mais sociável ele tenderá a ser. Com a constante evolução humana, a forma atual de sociabilidade absorve características diferentes da sociedade antes do século XXI. O tribalismo é uma das formas de expressão dos novos tipos de sociabilidade. Exemplos de tribos são os punks, os surfistas, os skinheads, as torcidas organizadas de futebol, gangues da periferia urbana, ente outros. São as afinidades ou interesses momentâneos em comum que fazem com que se reúnam. São diversas as tribos que estão surgindo conforme a evolução da sociedade e as tecnologias do século XXI, uma das mais polêmicas é a das comunidades virtuais que habitam o ciberespaço, dando origem a um novo tipo de sociabilidade. Enfim, tudo o que envolve a sociabilidade e a socialização depende da identificação e da predisposição de cada indivíduo, sendo da natureza humana a necessidade de estar e participar de um grupo social.

A PRÁTICA DA SOCIABILIDADE: REJEIÇÃO x ACEITAÇÃO


Uma das qualidades fundamentais do Capital Humano é a capacidade de se relacionar. Talvez mais importante do que criar é sentir. A empatia é a base da Inteligência Interpessoal, mas só ter consciência da importância dos outros não basta, precisamos gerenciar e desenvolver hábitos, atitudes e condutas que fortalecem parcerias e alianças.

Assim como pólos magnéticos, também temos a capacidade de atrair ou afastar pessoas. Magnetismo pessoal e a capacidade de motivação são qualidades de sucesso no mundo de hoje. No entanto, encontramos muitas pessoas com altas taxas de rejeitabilidade, que insistem em manter hábitos, atitudes e comportamentos que distanciam as pessoas, assustando-as e passando uma imagem negativa. Isso ocorre pelo despreparo ou desconhecimento das habilidades da Inteligência Interpessoal.

Exemplos de rejeitabilidade são:

  • Falar alto ou gritar
  • Impor-se agressivamente aos outros
  • Egocentrismo
  • Contar vantagem
  • Semear fofocas e intrigas
  • Passar-se por vítima

    Por outro lado, temos como modelo de sucesso aquela pessoa bem vista, agradável e receptiva. Sua grande aceitabilidade é fruto de hábitos, atitudes e comportamentos que a tornam indispensável e valiosa para os outros.

    Exemplos de aceitabilidade são:

  • Ser prestativa e atenciosa
  • Ter boas maneiras
  • Consideração e gratidão
  • Postura de humildade e simplicidade
  • Saber ouvir e elogiar os outros
  • Estar sempre disposta e com bom humor

    A Sociabilidade é um elemento fundamental para o sucesso porque é a base do nosso Marketing Pessoal, a imagem que passamos aos outros.
  • http://www.nippojovem.com.br/social/teste.php teste de sociabilidade, não tem valor científico, mas pode indicar algumas "verdades" sobre você...

    quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

    Poder e Estado - terceiro ano

    O Estado e o Poder

    O Estado é constituído por um povo, fixado num território, de que é senhor, e que dentro das fronteiras desse território institui, por autoridade própria, órgãos que elaboram as leis necessárias à vida coletiva e imponham a respectiva execução.

    Assim, a palavra comunidade é um complemento ao termo povo, por ser este “uma das diferenças específicas do conceito e não o seu gênero próximo”. Temos por último que “poder político” não é, somente, elaborar e aplicar leis, mas que a “função política é, por definição, tão importante como as funções legislativa, administrativa e juridicional, na delimitação da noção do poder político”.

    A definição de Estado seria “a comunidade constituída por um povo que, a fim de realizar os seus ideais de segurança, justiça e bem-estar, se apodera de um território e nele institui, por autoridade própria, o poder de dirigir os destinos nacionais e de impôr as normas necessárias à vida coletiva”. Resumindo, podemos concluir que:

    • o Estado é uma comunidade humana;
    • os elementos essenciais do Estado são três: o povo, o território e o poder político;
    • os fins do Estado são também três: a segurança, a justiça e o bem-estar.

    Para tanto, importa ter uma visão que um homem da Igreja Católica tem quanto às origens e fins do Estado, promovendo o Renascimento do Aristotelismo. Para São Tomás o Estado é produto da natureza social racional e livre do homem que exige uma autoridade encarregada de procurar o bem comum e, portanto, que os homens esclarecidos e ilustres pelas sua vontade ao serviço dos seus semelhantes, dirigindo-os. A qualidade de animal social e político, é portanto, uma qualidade própria da maneira de ser do homem. A Sociedade e o Estado constituem, pois, um produto da natureza, não no sentido que sejam causados diretamente, por ela, mas porque correspondem a um agir de que é consequência dos impulsos profundos e essenciais dos seres humanos. O Estado é, ainda na óptica da religião, um produto de um aco voluntário. Não de um contrato ou pacto, mas de um consentimento tácito comum revelado em atos de cooperação.

    O Estado foi idealizado pela inteligência humana com o objectivo de controlar o poder político. Ele não existe e no entanto o seu lugar não pode ficar vazio, é necessária a presença do homem para gerir o poder (gerindo desta forma os conflitos que lhe forem aparecendo, assim como os antagonismos). O homem, por sua vez, não deve assumir-se como Estado, deve sim pensar que é um lugar transitório.

    O Estado Moderno

    É condição obrigatória para a passagem ao Estado Moderno, liquidar o poder do príncipe e com ele a liquidação da monarquia absolutista como defendeu Maquiavel.

    O novo tipo de poder, ao contrário do anterior, depende não da divindade mas da cidade dos indivíduos, do povo. Por isso se diz que o cidadão é o elemento fundamental das sociedades modernas. O Estado Moderno apoia-se no princípio da soberania nacional, que implica a restrição contínua dos direitos exercidos pelo Rei.

    Ele é pensado com a consciência do homem (direitos da pessoa humana). “É o povo que legítima o Poder”, como refere Rousseau, na sua obra de grande vulto que é o «Contrato Social». No Estado moderno o povo assume assim as funções de soberano.

    Para o vigiar e o integrar, o Estado detém o monopólio da força, dela fazendo uso para estabelecer a ordem e a sua própria conservação. Por isso se diz que as forças de coerção pertencem ao Estado.

    Desta forma o Estado, porque detém o monopólio da justiça (tribunal, Direito – Código Penal), consegue equilibrar e regular as normas sociais, racionalizando e impedindo o exercício da violência, para isso tem a colaboração das forças policiais. Além da força “armada”, o Estado é detentor da força espiritual. Ele gere ainda elementos que são fundamentais para a sua existência e integração dos elementos que a compõe, como sejam: a língua, o exército nacional (criação da Revolução Francesa) as finanças/impostos, que servem mais uma vez para manifestar o poder do Estado.

    Através da ordem jurídica os cidadãos ficam subordinados ao Estado e, desta forma, se impõem aos cidadãos deveres de obediência e prestações reais e pessoais de modo a que a integração seja mais rápida.

    Por outro lado, não é suficiente dizer que é ou deve ser finalidade do Direito garantir a subordinação dos indivíduos ao Estado disciplinando os deveres de obediência por forma que, embora garantindo a autoridade daquele, seja sacrificado o menos possível a liberdade dos cidadãos.


    A Serviço de Quem Está o Estado?

    A questão está em nome e benefício de quem se exerce o poder. Daí que o conhecimento e a cultura sejam determinantes para funcionarem como árbitro da sociedade. Socializar o conhecimento é uma função do Estado, sendo fundamental para que o desenvolvimento da sociedade não fique comprometido.

    Se na ordem religiosa se considera que a Moral distingue o bem do mal, pela forma como organiza a nossa relação num processo de socialização da sociedade e no Liberalismo se refere a Ética como uma escolha individual, em que cada um elabora a sua escala de valores, que promove e favorece a mudança através de uma construção pessoal, impõe-se que se esclareça esta questão.

    Importa clarificar que o sentido do bem ou do mal não deve ser dado pela moral mas pela política, dado que cabe aos políticos a responsabilidade enorme de elevar culturalmente a sociedade, pois são eles, em última instância, que perante os desvios da sociedade têm que encontrar formas de alterar as regras e normas de comportamento e de intervenção, que venham a ser socialmente aceitas pela sociedade.

    Desiludam-se assim todos aqueles que, à esquerda ou à direita, defendem a supressão do Estado como condição para a libertação do Homem na sociedade. Mesmo que este reforçará cada vez mais a sua intervenção, naturalmente que em moldes diferentes e com uma participação mais ativa e individualizada dos cidadãos, num claro reforço do princípio da subsidariedade, princípio este que tem como definição jurídica que as decisões políticas e administrativas sejam tomadas em órgãos que estejam o mais próximo possível dos cidadãos.

    Victor, o menino de Aveyron - primeiro ano

    O "menino selvagem" Victor de Aveyron é um dos casos mais conhecidos de seres humanos criados livres em ambiente selvagem. Provavelmente abandonado numa floresta aos 4 ou 5 anos, foi objeto de curiosidade e provocou discussões acaloradas principalmente na França, onde o caso ocorreu. Sua história oficial começa em 1797, quando um menino inteiramente nu, que fugia do
    contato com as pessoas, foi visto pela primeira vez na floresta de Lacaune. Em 9 de janeiro de 1800 foi registrado seu aparecimento num moinho em Saint-Sernein, distrito de Aveyron. Tinha a cabeça, os braços e os pés nus; farrapos de uma velha camisa cobriam o resto do corpo. Era um menino de cerca de 12 anos de idade, media 1,36 m, tinha a pele branca e fina, rosto redondo, olhos negros e fundos, cabelos castanhos e nariz comprido e aquilino. Sua fisionomia foi descrita como graciosa; sorria involuntariamente e seu corpo apresentava a particularidade de estar coberto de cicatrizes. Victor não pronunciava nenhuma palavra e parecia não entender nada do que falavam com ele. Apesar do rigoroso inverno europeu, rejeitava roupas e também o uso de cama, dormindo no chão sem colchão. Quando procurava fugir, locomovia-se apoiado nas mãos
    e nos pés, correndo como os animais quadrúpedes.

    Estudo sociológico do caso:
    Alguns médicos, como os franceses Esquirol (1772-1840) e Pinel (1745-1826),
    diagnosticaram o menino selvagem como idiota (nomenclatura que hoje corresponde à
    deficiência mental grave). Talvez por essa razão tenha sido abandonado pelos pais.
    O médico psiquiatra Jean-Marie Gaspard hard, diretor de um instituto de surdos-mudos,
    não compartilhava da opinião dos colegas. Propôs uma questão:
    • Quais as conseqüências da privação do convívio social e da ausência absoluta da educação social humana para a inteligência de um adolescente que viveu assim, separado de indivíduos de sua espécie?
      Ele acreditava que a situação concreta de abandono e afastamento da civilização explicava
      o comportamento diferente do menino Victor, contrapondo-se ao diagnóstico de
      deficiência mental para o caso.
      Em seu livro A educação de um homem selvagem, publicado em 1801, Itard apresenta seu
      trabalho com o menino selvagem de Aveyron, descrevendo as etapas de sua educação:

    • ele já é capaz de sentar-se convenientemente à mesa,

    • tirar a água necessária para beber

    • levar ao seu benfeitor as coisas de que necessita

    • diverte-se ao empurrar um pequeno carrinho e começa também a ler. Cinco anos mais tarde já fabricava pequenos objetos e podava as plantas da casa. A partir desses resultados Itard reforçou sua tese de que os hábitos selvagens e a aparente deficiência mental iniciais eram apenas e tão-somente resultados de uma vida afastada de seus semelhantes e da civilização.
      Acompanhando de perto e trabalhando vários anos com Victor para educa-lo, Itard formula a hipótese de que a maior parte das deficiências intelectuais e sociais não é inata, mas tem sua origem na ausência da socialização, na falta de comunicação com os semelhantes principalmente pela palavra. Aproximando-se da visão sociológica dos fatos sociais, o pesquisador concluiu que o isolamento social prejudica a sociabilidade do indivíduo. E a sociabilidade é a base da vida em sociedade.
      Os estudos de Itard reforçam um dos fundamentos da Sociologia: os fatos sociais, embora
      exteriores, são introjetados pelo indivíduo e exercem sobre ele um poder coercitivo, já que
      determinam seu comportamento.